sábado, 30 de outubro de 2010

Quase fim.

Quase fim do dia. Talvez 16, 17 horas. Vem o medo de sempre, que eu nunca escondi. Alias, eu nunca escondi nada de você. Nem o medo de vez-em-quando, nem a saudade de sempre, nem a solidão gritante dos fins de tarde dos sábados vazios, enquanto todos vivem e eu me escondo na saudade. Nem os desejos que tardam a cessar, e não são saciados, logo, são em vão.

Eu nunca te escondi sequer o amor que eu te ofereço. Mas teus olhos não percebem quando se encontram com os meus, perdidos no turbilhão de pensamentos inquietos que me assombram. Olhos de desejo e medo.

Mas quando você está, esse medo dá lugar a alegria e a plenitude. Talvez por isso eu nunca tenha lembrado de falar dele a você, que dai desse canto da vida que eu quero tanto, só sabe me iluminar involuntariamente.

Coração palpitando, mãos geladas, sorriso aberto ao mundo.

Mas agora você não está. O mundo vive lá fora alguma espécie de euforia e felicidade que me incomoda. Ligo a nossa música. Desligo. Estou amargo, bem sei. Mas sou um fruto da tua ausência constante.

Queria falar das coisas boas de quando você está. Mas você nunca está.

Volto à solidão triste desse fim de tarde ensolarado de sábado. E isso dói ainda mais, porque as pessoas estão mais vivas, e mais felizes. Eu sou os seus restos. Resto da sua alegria, dos seus planos, resto dos seus panos e sorrisos. E como pode ser assim? Dói insanamente, e eu não sei me livrar. Vou construindo um castelo de silêncios e infelicidades, e vou gritando desejos de paz.

Apareça. Cuspa na minha cara. Me tire sangue. Me dê motivo pra te odiar. Não sorria pra mim, se você sabe que eu não tenho nenhuma fórmula-mágica-perfeita que me faça forte e resistente a isso. Eu devia te odiar por isso, ao menos.

Mas eu queria mais que tudo que você viesse sem pressa, em silêncio, com uma carência que se aliaria a todo amor do mundo que eu tenho pra você.

Atravessaríamos as noites com as fantasias de amor que eu coleciono, com as palavras dançando em teus ouvidos. Viveríamos os dias com conversas bestas e risos soltos: coisas do amor.

É assim que deveria ser.

É assim que a felicidade se instalaria de uma vez por todas.

Mas não é, e eu ainda tenho algumas horas de sábado pela frente.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

linha por linha.

Acabo de perceber a falta que você faz! Mas estou calmo e sereno como nunca. Talvez falte pouco para a plenitude sem fulminação que Clarice me falava na voz de Bethânia. E acho que esse pouco é você. Só isso. Simples. Vasto.

A noite ta chegando. Pra você também. Mas nesse exato momento, me permiti entender isso. Depois de um dia lindo, de entender a sua presença intrínseca em mim, depois de ver o mar, de sorrir sem medo e sem culpa, depois mesmo de me fazer percebido por outros olhos que não me interessam, a noite chega, trazendo consigo esse tal de vazio cheio de saudade.

Eu quero o mar. Eu quero você.

Mais você que o ar.

Mais você que a mim.

E a noite chega. Silenciosa. Perfumada pela primavera do teu corpo que eu trago comigo.

Conto algumas estrelas no céu lindo de outubro. Mando pensamentos, amor e sorriso pra você. É a forma de me fazer presente.

Alguma luz penetra na escuridão do quarto, e me permite escrever linha por linha. Risco umas, para falar só das coisas de dentro. É ai que eu percebo que as coisas de dentro são você: as flores coloridas no estômago, as estrelas do sorriso, o maior amor do mundo.

Hoje eu entendi que é amor sim. É querer você comigo, mas entender seus motivos e te querer bem ainda que distante. São dessas coisas que o amor é feito né? Pois então!

Deixa a noite vir. Talvez amanhã eu fale dos sonhos. Mas entenda que eu te quero bem. Te quero além. E viva, e ame, e se permita! Deixe que as coisas que te tragam realização venham sem culpa. Apenas deixe. O destino se encarrega do resto. E me cura.

Só assim: sorria e siga.

Daqui eu vou te sentindo.

domingo, 10 de outubro de 2010

Plantas. Pautas. Putas.

Plantas. Pautas. Putas. Detalhes de uma rotina triste e simples. Olhares sublimes do lado de cá da vida.

Ausência. Descrença. Nada que tenha restado seu. Nada físico, típico, palpável. Nada que dê cor a essa rotina triste, simples.

Não. Eu não quero acreditar que ainda estaremos juntos. Quero que as esperanças fodam-se. Longes. Libertas. Vão!

Sim. Eu ainda procuro você pelas ruas da cidade, pelos vácuos. Pequenos restos mortais diários. “Que tolo”, você diria, eu sei. Eu concordaria, eu sei – discordar nunca foi o meu forte. Mas estamos à beira de um colapso. Eu riria, como sempre que estamos por perto, independente da situação. É que estar por perto é alcançar a infinidade das coisas: manhãs, flores, palavras, breves suspiros, pequenas epifanias, Caios, Clarices, Bethânias, cafés, caminhadas, todos os mares e lares. Lembranças pros dias frios, quentes, úmidos.

Pra todos os dias.


Me devolve tudo o que já era bom.