quarta-feira, 31 de março de 2010

Todo musculo que sente.


Nadando contra a corrente só pra exercitar. Exercitar ir de encontro ao que é dogma, tabu, mito, e bonito demais pra ser contestado. E eu questiono, pois fiz disso dom.

Visito outros questionamentos quase invisíveis de tão esquecidos, levanto a cabeça e vou. E vôo. Afinal, será que amar é mesmo tudo? Valho-me de confusões mentais e conclusões banais. Piso em falso, mas não caio. Sei me manter ereto ao horizonte que eu busco. Rebusco. E daí? A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida.

Nem sei escolher, admito. Mas vejo mais sentido ai. Mais vivo, ai. Em arrependimentos ou glórias. Cresço em tudo, abraço o mundo mudo em meus braços. Sei, eu sei que vejo mais estrelas que devia.

Em momentos sou poeta pra te tocar. Em outros, sou nada. Um nada vagando e parte de um tudo. Parte de tudo novo, de novo.

E viva a minha confusão e minhas dúvidas. São minhas, entendeu? De mais ninguém.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Duas gotas de saliva.

Duas gotas de saliva de natureza impura.

Assim começou o fim, em sua infinita riqueza de detalhes. E as riquezas de detalhes não me fariam esquecer que amanhecia. Amanhecia um dia indeciso – se cinza, se lindo. Só amanhecia, trazendo consigo o fim. Sorte daqueles cujo amanhecer não é pressuposto do fim.

Duas gotas de saliva de natureza impura.

Caíram e molharam o seio estendido naquele sofá, elemento silencioso, como os demais daquela sala que também amanhecia. E Comportou-se naquela noite como se tivesse ciência que era o fim. Como se soubesse ser a última. Mas ninguém sabe. Se sabe, fingi que não.

Ou não.

Não sei.

Deixou-se ser tocada como se ele quisesse desvendá-la. Segredo a segredo, num corpo sagrado e humano. Beijou-lhe num beijo de adeus que ele desconhecia. Cobriu-lhe com seu corpo como se fosse um manto bordado nos mínimos cuidados e detalhes. Sorriu amargando um dissabor. Vestiu-se a tempo de ser fitada e gravada em memória. E simplesmente, partiu.



P.S.: Duas gotas de saliva, e uma confusão mental do autor!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Pra eu esquecer de mim.

Anoiteceu como sempre. Rotina infeliz, quando o Sol se apressa, sem que você chegue. A noite é mais fria no meu abraço com a solidão. O meu refugio torna-se um auto-acalento. Emilio sóbrio canta Saigon no toca-discos. E o infinito de outras promessas parece mais distante. A sala cheira a teu perfume doce, o corpo arrepia a espinha dorsal.

Eu que suporte a sua ausência. Que seja forte – se doce não posso mais. Me perco nos pensamentos amargos que a saudade grita, e crava, e exala em meus poros ainda seus. Todo seu, o encanto meu. Como o sonho, que absorve o meu deleite, onde o corpo afagado por teus olhos-luz, e a brisa suave que teu corpo emanava em mim.

Eu não sei mais ser apático a essa falta de lucidez em que me encontro. Sobre o amor, que seja qualquer coisa que eu não mais conheça. Desapareça, suma, e eu esqueça.

Despejo em você, o nervosismo do meu seio ao te enxergar! Eu não quero nada comigo. Nem a órbita do teu corpo zonzo, nem o céu, mar, areia, estrelas, chuva, nada! Nada!

Ainda preso em tuas lembranças, vou num rumo descompassado à liberdade. Que ela me abrace e me guie.



“E é só você chegar, pra eu esquecer de mim.”

sábado, 6 de março de 2010

vem.




Deixa que a chuva caia, e lave a alma. E vem. Feito tatuagem, diria a música. Vem pro calor latente do meu seio fraterno. Vem no eterno, de mãos dadas. Feito desventura, descaminho desenhado em nossos passos.

Vem.


Me da um último beijo, e sai à chuva. Quem sabe ela te abrace melhor que eu. E te renove, e te inspire, e te cative feito inocência donzela e pura. Impura. Vem, ternura.

Vem.

e fica.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Se fosse só sentir saudade.

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Um sorriso, e um beijo a parte. O corpo arde, o Sol invade, e por fim, tudo renasce. Como os pássaros da tua blusa que viram canção; como meu seio, ventre de toda emoção. Eu poderia esquecer as promessas, e seguir com os instintos primitivos que meus passos desenham. Mas minha boca eterniza o último beijo de despedida, e a sua veia insaciável de prazer me prende pela cintura, beija meu umbigo, e eu me rendo. Me rendo a você citando Chico, ao prazer inibido de minhas incertezas adormecidas em teus abraços...

Se fosse só sentir saudade. Mas tem sempre algo mais.

Sempre algo que lembra o infinito desconstruído pelo acaso. Destino raso, onde eu me afogo. E eu não sei se volto.


P.S.: Eu te amo! E isso também confundi.