Tinha um tédio disfarçado por um domingo sem cor. E a saudade irremediável de quem já morreu em vida. Um silêncio abismal preenchia o vazio, também sem cor. Era verão e eu não tenho a obrigação de ser feliz. Comecei então o auto-flagelo. Supus seus caminhos e escolhas. Te vi sorrindo. Sai pelas ruas coloridas de verão com sorrisos de almas leves. Eu bêbada, suja, batom borrado. Na cabeça Nana cantava. Eu tenho esse amor para dar, o que é que eu vou fazer? Eu tentei esquecer.
Em vão.
E sai, corri por multidões, numa solidão anunciada e estampada na cara.
Foi então que o destino, escroto que só ele, te colocou em minha frente. Olhos calmos diante da turbulência dos meus. Te odiei mais. Te amei mais. Então fugi, porque fraqueza sempre foi o meu forte.
E prometi apagar da minha vida este sonho.
E vem o coração e diz que só em teus braços, amor, eu ia ser feliz.