das coisas sem nome.
segunda-feira, 15 de junho de 2015
terça-feira, 7 de outubro de 2014
Segunda poesia calada
@aandradevitor |
O silêncio é esse abismo
Tortura das horas
Prato cheio do efeito sombrio do tempo.
Não oro enquanto escrevo
A poesia por si só é o divino
O canal direto com Deus
Que não nos fala pela voz
Mas também não silencia.
Escrevi textos que são como rios
Fluxos sanguíneos que deságuam em mares diversos
Desafiam leis, morais, costumes.
O que não falo é o estrume,
O avesso da liberdade,
O anti-ser que aprendi a ignorar.
Mas o que escrevo são ruelas de mim
Que descaminham solitárias nos becos da sorte.
Poesia Calada
@aandradevitor |
Eu te amo pelo que calas
Pelo desenho que se forma em teu silêncio
Pelo emudecer dos teus olhos.
E é melhor te amar assim:
Sob a luz da contemplação
Que torna tudo infinito e mistério.
Eu te amo mais,
Pelo orgasmo silencioso,
Pelo silêncio viril,
Pelo não pensamento do momento
Em que nossas coxas se trepam,
No rubor suado de ser um só.
Eu te amo sem janelas,
Sem portas,
Mundo inteiro do lado de dentro,
Vida inteira desenhada no passar das horas.
Duo
Não atento
Contra o fogo
Que disparo
Nem atendo
O teu chamado.
O ultimo por do sol
Não veio
Não veio o beijo
Paramos no meio.
Não atinjo
O que teu corpo
Oferece
O meu senso obedece
O limite do não ser.
Não tem fim
Não é fim
Não pra mim
Pra você?
Fiz da valsa
Um samba
Não tem dança
Não é duo.
Mini-mistério
Avesso
Noturno
aandradevitor |
A cidade ainda dorme no breu do quase amanhecer
Uns repousam de orgasmos noturnos
Outros das lágrimas
Tudo é silencio
E essa não é uma poesia diurna.
As putas e os notívagos
Retornam aos seus lares
Deuses inconscientes habitam os sonhos
Uns traçam seus destinos
Outros seguem suas intuições
E a cidade é tão bonita nessa hora
Quando o movimento do fim e do começo se atravessam
E o silêncio é um convite tentador
Ao risco de tentar ser o novo, de novo
E há algo no íntimo que não se contenta e pede mais
E grita silenciosamente
E a cidade me entende
E me grita de volta.
Conversas mudas
Que florescem nas horas.
“You don't know me
Bet you'll never get to know me”
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