domingo, 22 de agosto de 2010

num verão ou num amor.



Na vastidão imensa e escura dessa noite, ao longe ouço Renato Russo cantando algo que eu adoro. E como todas as canções de amor, essa também me lembra você. Você me veio como um sonho bom, e me assustei. Não sou perfeito. Tenho estado pleno durante o dia, e saudoso à noite. Vivo a intensidade de cada momento, para que quando passe, algo fique e alimente a nostalgia de sempre. Trago a falta dos amigos e lugares em que sou e estive.

A música acaba e o silêncio é oportuno para que eu tente organizar a mente e os pensamentos. Pego essa idéia e jogo no lixo. Penso em talvez tomar um banho, e deixar que as lágrimas corram ralo abaixo. Esta frio sem você. Acendo um incenso de lavanda – se não me trouxer amor, pureza e dinheiro, deixa a casa perfumada – abro um vinho, me aqueço de lembranças sólidas. Eu só queria me despir num verão ou num amor. Mas me aqueço. De lembranças sólidas. Ou não.

sábado, 14 de agosto de 2010

Carta sem rumo.

Te escrevo nesse fim de tarde de inverno, ao mesmo tempo em que fecho os olhos e todos os mistérios recaem sobre mim. Como um manto que me isola do mundo externo e frio. Esses desejos que me tentam e me matam pouco a pouco. Como quem ingere de gota em gota litros de veneno.

A bruma branca do frio da tua pele e todas as lembranças que você é. E talvez tenha sido sempre. Enquanto eu sou só mais essa noite de inverno. Frio, sombrio, noite.

Amor em vão.

E todas as palavras ditas que o vento empurra alma adentro. Isso porque é inverno – talvez sendo outra estação, eu ocupasse a mente n’outros pensamentos que não dilacerassem tanto. Mas esse amor é brando, e no entanto, em vão.

O tempo tem passado numa velocidade absurda, e isso às vezes me assusta tanto. Era sobre isso que falávamos certa vez, lembra?

Acredito que não, boa memória nunca foi o seu forte. Mas é que tem coisas que são inesquecíveis.

Você agora deve ta se perguntando se eu realmente acredito que te escrever palavras bonitas de amor vão adiantar alguma coisa. E eu mesmo respondo: talvez!

Não para mim, nem para nós. Mas é que eu levei a sério tudo o que você me falava sobre bons ventos. Talvez eles levem essas palavras para que transformem em músicas que certamente irão embalar outros romances. To numa vontade desesperadora de ler mais de Caio Fernando e Clarice, de ouvir coisas que me deixem alucinado, de me (re) apaixonar loucamente. E no futuro, eu fico grande, pra contar nossa história que não saiu do papel.

Por fim, te desejo sorte. Ela é a base das escolhas. Seja grande, como me ensinou a ser. Ame, chore, sofra, sorria, cante, escreva, inspire. Como me inspira. E sempre mais. Do amor nasce a poesia e a música. É tudo que eu sei.

Lado alado, lembra?

Voe! É tudo que você sabe.

sábado, 7 de agosto de 2010

Último Romance.

Deve ser amor. Só pode. Que outro nome eu daria ao fato de te ver em todos os detalhes? E além de tudo que eu sou capaz de enxergar. Como esse fim de tarde em que o a cidade se colore de tons calmos de tristeza, e o céu de um azul anil, e o Sol se põe entre os prédios que me refletem seu rosto. Sempre sereno. Enquanto isso, eu vou tentando supor seus caminhos, e quem te faz companhia. E vou vivendo. Ou não. Há quem diga que eu sou um retalho dessas suposições. Há quem não suporte a minha saudade, porque eu fico chato e sem graça sem você. Mas deixa pra lá. Eu quero mesmo sorrir você pra todo mundo que eu encontrar. Um sorrir sem reciprocidade. Frio. Cinza. Calmo. Inseguro

E até quem me vê lendo jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei. E que eu te perdi. E que eu me perdi.

Vago. Insano. Apaixonado. Raso.


P.S.: A licença poética de Los Hermanos.