Então passou a ter um motivo para continuar. E todos precisam dos motivos. Contava as horas para que o Sol se despedisse daqueles dias mais curtos de outono, e desse lugar às noites nubladas, algumas vezes um pouco mais frias, e ia de encontro àquela única possibilidade de felicidade que surgira nos últimos anos.
“Se apegue. Se apegue como ao ar que te mantém vivo”, dizia a si mesmo, permitindo que o sorriso lhe rasgasse lentamente a face, o corpo, e todo o resto. Daquele sorriso de amor ele conhecia muito bem. Das tentativas de felicidade também. Mas dessa vez era tão real, que ele pensava poder tocar, guardar num pote imaginário onde se guardam os bons momentos, e eternizar aquela sensação de leveza que era física.
Não tocou a felicidade. E nem esticou a mão. Mas ela estava próxima, era o que ele queria acreditar. Talvez o destino conspire a favor, como deveria sempre ser. Amores mal sucedidos podem até servir para alimentar lembranças. Mas não são nada além disso.
Estava na fase dos sonhos e dos sorrisos. Talvez depois seja um curto passo e um longo momento. Era a prova de que não perdera a esperança.
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