As luzes se apagam anunciando o show. Tudo silencia. Sem aplausos, ventos assobiando. Sem som, sem nada. Palco limpo. Cortinas fechadas. Cadeiras vazias. Nada novo sob o Sol. Nada acontece no silêncio devastador e eternizante. Nada, nada, nada, nada.
O tempo não passa, como quem desafia todas as leis naturais da vida. O risco do silêncio é abismal. A morte da alma, colecionadora de desgostos. Bem daqui eu vejo: nada acontece no silêncio devastador e eternizante. Nada se move. Ninguém me socorre. E eu grito, e continuo gritando em mal traçadas linhas, o socorro que nunca chega. Quem ouve, não percebe. Quem percebe, é só mais um que também grita socorro. E não venha, cada qual no seu canto chora o seu pranto.
A esperança (comediante) vez ou outra sobe ao palco. Eu rio sozinho, e ela vai. Porque ficar a toa é dispensável. Às vezes ela volta, mas numa freqüência cada vez menor. E de novo, nada acontece. A lucidez é o martírio da alma.
As luzes continuam apagadas. Sem refúgio, eu caminho. Sem destino, eu caminho.
Caminhando e existindo.
Nada além.