quinta-feira, 17 de junho de 2010

Desabafos de Outono IV

Por Vitor Andrade

Sim! Eu não queria confessar a minha languidez ao partires. Rotas infinitas, rumos desconhecidos. E eu aqui. Contínuo. Estático. Perdido em meio a esses sussurros baixos de despedida, para não acordar as folhas mortas de outono que decoram a paisagem.

Depois o silêncio. Esse me soa limpo, constrangedor, imortal. Pudera eu renegar todas as lembranças, todas as linhas tortas enquadradas por nossos passos rumo a qualquer horizonte feliz. Mas os dias correm nas esteiras do tempo, as glórias se perdem em algum canto. Tudo um dia vira uma lembrança vazia. E eu sou um infinito delas. Um relicário de nostalgias sem fim.

Queria eu, que num colapso de vanguardismo derramasse sobre as horas todas essas saudades. De tão gritantes, parecem mal resolvidas.

Mas são apenas saudades gritantes. E eu falo delas como respiro.

É que é elas me abraçam e fazem morada.

3 comentários:

  1. Você é genial, quero um livro seu...

    ResponderExcluir
  2. Grande poeta! Concordo com o comentário acima: eu quero um livro seu e autografado. Brilhante!

    ResponderExcluir
  3. Queria ter a competência de brincar com as palavras dessa forma..
    Você me faz lembrar de "Teatro mágico" em todas as minhas felizes viagens por aqui..

    Parabéns, novamente!

    ResponderExcluir