quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Mais do mesmo - Outra crônica para criticar o imediatismo




Já fui muito adepto dos livros de auto ajuda. Depois passei a ignorá-los. Agora tenho retornado, como quem descobre que não vive sem seu analista, e é bem chegado a um divã. Isso aos 21. Mas tudo bem, alie ao fato de ser virginiano, a insegurança – parte indissociável do meu ser. Os meus maiores medos no momento, giram em torno do futuro, dos rumos profissionais, e de como será o amanhã. Responda quem puder. Mas ninguém pode.

Tem mais outro detalhe que tem me feito buscar incansavelmente a ajuda nessas páginas repletas de frases prontas e clichês – que eu sempre tive o meu pé atrás. A cobrança excessiva pelo perfeccionismo (essa eu credito ao signo). Acontece que é como procurar agulha no palheiro. Pior que isso, já que agulha no palheiro ainda é possível de encontrar. É difícil para um virginiano entender que isso não existe, mas estou no caminho. E eu acho que quando você entende, tudo fica mais fácil. É como tirar a fantasia de super-herói, e ir dormir com a mente tranquila numa noite que antecede a folga.

Essa parte não deve ser segredo para os que já sabem namorar: papai noel, coelhinho da páscoa, boi da cara preta e saci-pererê não existem. Super-heróis também não. Mas os vilões, esses existem para atormentar a paz alheia. Nesse caso, falo de um mercado competitivo, de uma sociedade imediatista, e até de um capitalismo selvagem (se todo mundo culpa o capitalismo por tudo, me deixem culpá-lo também). Esses são os verdadeiros bois da cara preta, fazendo careta para nós, pobres crianças inocentes em busca de fantasias e brincadeiras – ainda que algumas delas sejam um apartamento e um carro, uma viagem para a Europa uma vez por ano, e outras coisas que sejam sinônimos de independência e realização em todas as esferas possíveis e imagináveis da vida.

Não é isso que esperam de nós? Independência financeira (redundância... há independência sem dinheiro no bolso?) e realização? Não, é isso que esperamos de nós. E é assim que deve ser mesmo. A grande questão é: para conquistar isso, a sua paz precisa ser ameaçada? Vale a pena se cegar às belezas e milagres que Deus deixa por ai, brincando no cotidiano? Você já fez uma refeição sem pressa, se permitindo saborear, em um dia atribulado? Você já viu o mar sem medo de chegar atrasado aquele compromisso? Você já desligou o celular sem culpa? Já vibrou com a gargalhada de uma criança, ou se permitiu perder (leia-se ganhar) tempo ouvindo histórias antigas de seus avós? Já deixou que o som do mar emudeça a cidade e o seu caos? Já dançou com roupas leves (ou até sem roupas) aquela música que te toca? Experiências de emoções positivas intensas não precisam de grandes acontecimentos.

Isso não é uma apologia ao “porraloquismo”. Até acho que faria um bem danado, mas considero que seja um nível de evolução (sim, evolução) muito elevado. Isso é apenas um conselho para que as pessoas se permitam. Não sou a melhor pessoa para falar disso, mas estou na busca desse caminho: permitir-se. Daquele jeito que cantou Lulu. Pois não há tempo que volte, amor. Breve as rugas aparecem, e você começa a se dar conta que a vida está passando. O tempo deixa essa marca em você. O que você quer deixar de marca no tempo? O Sol brilha por si, Djavan cantou. Faça o mesmo.

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