sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O cheiro da nova estação [3]



Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta que hoje eu me gosto muito mais, porque me entendo muito mais também. E que a atitude de recomeçar é todo dia, toda hora. É se respeitar na sua força e fé e se olhar bem fundo, até o dedão do pé!
(Gonzaguinha)

Achei que 2012 não me motivaria a escrever, como costumo fazer nessa época. Sempre escolho uma palavra para definir o ano, e confesso que dessa vez fiquei bem confuso – e continuo. Então, talvez a palavra de 2012 seja confusão! Depois de 2011 repleto de conquistas que mudaram completamente a minha vida – para melhor – tinha a sensação que 2012 não o superaria. De fato, não superou. Que ano confuso, viu?!

Mas houve tantos pontos positivos que seria injusto deixar que todo resto fale mais alto. Ciclos se encerraram. Outros não. Fiz amizades, e isso é muito! Amizades verdadeiras. Se eternas, eu não sei, mas verdadeiras. É que temos o péssimo hábito de acreditar que tudo o que é de verdade é para sempre. Pode ser que sim, pode ser que não. É sorte, destino, qualquer-coisa-do-tipo. Mas têm coisas que chegam ao fim e nem por isso deixaram de ser verdadeiras enquanto existiram e é pura ignorância e romantismo exagerado acreditar que tudo tem que ser infinito. Que seja, só enquanto dure. 

Outras pessoas se reafirmaram dentro de um cenário de reencontros que me fizeram indescritivelmente feliz. Houve reaproximação e amor. E isso também é muito. Ainda tem aqueles que chegaram para ficar, espero que para sempre. Encontro marcado por uma força maior que nos move. Gente de bem atrai gente de bem. É energia, a gente não vê, mas existe. 

Vi um show da Baby, dois da Vanessa, um de Los Hermanos, Caetano ao vivo. Vi filmes, respirei arte. Não consegui ver a filmografia completa de Almodóvar, mas deixei o trabalho adiantado. Acho que não passa de 2013. Chorei com Woody Allen. Tive o melhor aniversário da minha vida. Sorri em silêncio diversas vezes vendo como meus pais ainda se divertem juntos, mesmo depois de tantos anos de casados e de tantos problemas que já enfrentaram. Como são companheiros, confidentes, parceiros, amigos, apaixonados. Quero um casamento assim!

Teve mais: acho que nunca fui a tanta festa em um ano. 2012 foi uma festa, quase que literalmente. Me permiti beirar a insanidade e não há nenhum arrependimento nisso. Virou história para contar. Bebi, dancei, beijei na boca de quem não devia – e nem foi porque anunciaram, garantiram que o mundo ia se acabar. Fiquei bêbado algumas vezes e olha, todo mundo devia se permitir isso. 

Relendo o “O cheiro da nova estação” de 2010, falei que vi meus pais e meu irmão sem as dores que nos atormentaram por tantos anos. E agora, dois anos depois, vejo que Deus se revela dessa forma: o que vem de bonito diminui o peso de acontecimentos passados. E hoje, apesar das coisas que fizeram de 2012 um pouco complicado e pesado, não há espaço para falar de dores. Disse também que felicidade é algo como estar pleno, e que de 2011 isso não passava. Dito e feito. E foi tão bom que vem me acompanhando até agora, e vai continuar assim, porque “quem tem Deus como império, no mundo não está sozinho” (gente, em 2013 vou ver Marisa Monte pela primeira vez na vida. Vai ser O ANO!).

Esse ano tá ficando pra trás, confuso que só ele. Mas permito que as boas lembranças sejam mais relevantes. O que não foi tão bom serviu de lição e crescimento. Ah, teve isso: esse foi um ano de crescimento. E a sensação de evoluir enquanto pessoa é impagável. Só isso já valeu 2012. Fiquei mais leve. Fiquei mais solto. Fiquei mais jovem. Fiquei mais louco. E não há arrependimento nenhum. Defendi quem sou com a ajuda de muitos. Ganhei um novo olhar sobre as coisas, que me fez sentir orgulho de ser assim. Repetindo 2011, tive crises de identidade. Chorei de saudade. Sorri de alívio. Tive orgulho de mim.
Li uma vez, já citei, e repito adaptando: 

“Feliz dois mil e treze. Luz e sorte. Amor. ‘Te desejo amor de verdade’, li certa feita, e não era pra mim, mas eu abracei e falo ao céu azul aspergindo para o mundo todo. Super destino para todos.! Que o meu paraíso esteja sempre florido e perfumado e feliz. Que sejamos todos assim!”.

É isso! Desejo um 2013 de paz, de amor, de fé, de esperança nas pessoas e na vida, de verdade, de luz, de sabedoria, de saúde do corpo, da mente, dos sentimentos e do espírito, de boas energias, de realizações, de acontecimentos positivos, de encontros, de viagens, de produtividade, de Deus, de arte, de música, de porra-louquice responsável, de dança, de calma, de orações de agradecimento, de evolução, de segurança. Que possamos colher o que plantamos e que possamos plantar o bem!

Que não nos falte amor de graça! Que não nos falte motivo para gargalhar!
Que vejamos, todos, vir vindo no vento o cheiro da nova estação.
Super 2013!


Então, os agradecimentos

Aos de sempre:
Meus pais e meu irmão, minha base, minha primeira e maior definição de amor. Que estejamos cada vez mais unidos. Nós somos os melhores, sempre.
Aos parceiros de uma vida toda e para a vida toda, Paloma, Larissa, Bianca, Silvio, Tio Mauricio, Sikita, Vinícius, Fernando, Marília, Filipe, Alan, Landa, Gadinho, Lore, Nati, Alysson, Lili, Pati, Robson, Alan, Tinum, Karla e tantos outros. 

Por serem os primeiros desde a nova fase de minha vida, e por terem um lugar que ninguém jamais vai ocupar, a Eduardo e Kirk. Vocês são meus irmãos!

Por estarmos tão próximos e o bem que isso me fez/faz, a Mari, Fátima e Eirene. Não existe mais Vitor sem vocês. E Eirene, pela felicidade de ter passado o último réveillon com você e agora por me fazer conhecer na pele o que é saudade. E antes que ela ache que eu esqueci, a Nina, que chegou nos 45 do segundo tempo de 2011, e veio pra vida toda. Obrigado pelas palavras de incentivo e por me fazer saber do meu valor!

Aos que eu ganhei no ano passado e permaneceram e vão permanecer sempre, e onde eu encontrei paixão igual pelos signos, a Rafael (amigo, cúmplice, confidente. Tanta história, né? Te amo muito e não nos assuste mais), Dizu (binhãããão), Aninha (saudade das nossas conversas, a primeira a perguntar se eu era gay e ouvir um SIM. Inesquecível, vei... hehehe), Thais (deliciaaaaan), Carol, Natu, Milla, Indi, Dora...



Pela alegria de toda noite, a Nati (bebê!), Arícia (não vai me converter nunca!), Emile (dividimos Almodovar. Te amo e me orgulho muitooo), Camila (que feliz de termos nos aproximado, depois do tanto que eu já te odiei), Márcio, Ricardo, Matheus, Coutinho, Isabele (risos), Thiago, Aline Castelo Branco, Tai, Camila Paranhos, Sleiman, Liu, Dalila (gostos quase idênticos. Reveja isso e vamos ser felizes. Hahaha), Silvia (professora ou mãezona?), Julinha (tão doce!).

Pelas alegrias divididas ao longo do ano. Uns mais presentes, outros mais ausentes, mas todos meus amores, a Juliana (por todos os momentos que, numa grata surpresa, tivemos em 2012, e por todos que ainda vamos ter para sempre. Marisa Monte que nos aguarde, Jubs! 2013 que nos aguarde, Jubs! E ouça meus conselhos, sempre. E eu ouço os seus.), Xamile (te amo taaaaaanto, pequenuxa), Renata (a amiga da prima que virou amiga e já é pra vida. Nem é mais tão fria, gente. Já é quase puro amor), Aline (a amiga da prima que virou amiga e já é pra vida 2.), tio Eduardo, Marcela Furtado, Larota (2012 valeu por você ter voltado e ficado um pouco antes de partir de novo), Villarpando (saudade sempre!), Patrícia (pelas conversas, discordâncias, pelo respeito!), Fau (amiga enrolada, me faz tanto bem!), Marcelinha (aprendi tanto. Morro de saudade!), Gi, Carol, Klebão, Ju, Cynthia, Jéu (um orgulho de jornalista! Esqueça Brasília e venha pra Ssa, vá), Iza, Cari, Mari Frô, Mai, Maysa, Ly (como não amar imensamente, minha paulista, minha amiga, meu amor?!), Gi (a melhor surpresa de aniversário, as melhores ligações em prantos de madrugada, as palavras que me conforta, tanto. Que força é essa que nos liga? Te amo tanto!) e Pin. 

Pela falta que fazem, e ainda assim, sou só amor, a Larissa Fontes (repete a dose e vem me ver dia 01, vai), Amanda e Léo.

Aos que eu tive a oportunidade de redescobrir em 2012

Marianna Prima Linda (obrigado por todas as conversas, obrigado por On The Road. Te amo!), Nai (parceira das noites, minha deusa, minha louca, minha feiticeira! Ela é demais. Pouca gente me faz rir tanto. Te amo!), Paula Yoshie (me fazendo rir com suas caras e bocas, ~eu de boa~), Dani Pessoa (as conversas mais elevadas). Ao reencontro maravilhoso: Tia Darcy, Clari, Tia Mara, Lari. Ao meu mel, minha Mel. Como reclamar de um ano que me deu você? Te amo!

Aos presentes desse ano:
Caco (saudade, porra), Amanda Matos (linda, fofa, apaixonante, que sorte de te conhecer!), Adrielle (bibinha insegura, QUERO BEIJAAAAAAR), Uiu (mais um binhoooo), Rayana (minha diva!), Alile (sou fã!), Cláudio (amigo-drama), Camila (pegar Jamile é nosso podre em comum), Leti Dias (obrigado por cada conversa, por cada momento, por ter me ajudado a ser maior!), Leti Carvalho (Juliana nos uniu, Woody abençoou), Duda (me quer! Voltaaaa), Davi (Um dos maiores presentes desse ano! Dadaaaa, te amo!), Raules (pare de sumir!), Pedro (amigo e futuro colega de profissão, me orgulha muito), Fran (Fran, eu gosto de você! Hahaha).

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

prece



Bons são esses dias em que você não aparece.
Essa foi minha prece, 
essa é a minha conquista.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"Primavera quer entrar."




Na última conversa com Leti e Jubs, daquelas que poucas pessoas te proporcionam, a tristeza foi pauta. Há beleza nela. Há fé ou esperança pedindo pra ficarem e a gente lutando contra. Há a reflexão, a introspecção, a vontade de ser invisível. Há um olhar diferente sobre o mundo e as coisas e as cores. Quando há cores. E silêncio, muito. Também lágrimas. E a gente tem que ter a cabeça boa para sair maior e melhor. E perceber que tudo passa e há quem queira e acredite nas mesmas coisas que você. Em algum lugar desse mundo. O encontro fica por conta do destino, mas é preciso movimento. Então chore tudo o que tiver de chorar para que cure de todo o mal e não reste nada – nem mágoas atrapalhando o que há por vir.

Não foi um dia fácil, mas a primavera está batendo à porta. “Preparando o campo e alma pras flores”. Coloquei no celular um lembrete que vai disparar no primeiro dia da nova estação. Vou abrir as portas e tirar as coisas boas guardadas nos armários e gavetas do meu quarto. Vou abrir a janela, primavera quer entrar, como disse Camelo na música. Comprei incensos. “Roupa colorida, alegria às vistas. Indecência, indiscrição” (Vanessa não cantou essa naquele show). Não foi um dia fácil. Teve peso, saudade, ciúme. A parte boa é entender que vem de um bem querer enorme. Ainda há silêncios, mas na previsão que eu li no jornal falavam de alegrias de acordes vibrantes de música e amigos. Quis ter fé. Tudo vai virar lembrança feliz. Como disse Mel na mensagem de ontem: “Tá chegando a hora de você, efetivamente, se desapegar do que ficou pra trás. E de se permitir viver outras coisas.”

Amém.

Fica



"Quem sabe um dia,
por descuido ou poesia,
você goste de ficar."

Chico Buarque



quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sobre as palavras em vão


06h23 da manhã e a angústia de ter acordado em um dia atípico e errado. Culpei o inferno astral do mês que antecede o 22º aniversário, mas no fundo nunca acreditei nele, ainda que um tanto esotérico assim. Esqueci o fone em casa e não vou me desligar do mundo, em um dia onde tudo o que eu queria era a voz de Gal. E quando esquecer um fone te gera uma crise existencial, é porque alguma coisa está fora da ordem. Seria a ausência do segundo Sol realinhando a órbita dos planetas?

Analogia!

Descobri que preciso de mais tempo livre do que imaginava ou o corpo exigia. Durmo 5 por noite, como em horários irregulares. O corpo queixa. Estou sem ânimo para a faculdade, mesmo tendo lá pessoas que são fonte de renovação da energia. Quis ligar o foda-se, viajar para o Capão que eu não conheço, depois para uma ilha grega. Quis um amante de sangue latino que fosse só paixão, sem amor. Depois um amor num outono europeu que fosse também paixão. E dormir o sono sagrado que alimenta de horizontes o tempo acordado de viver. De viver. No inverno te proteger, no verão sair pra pescar. No outono te conhecer, primavera poder gostar. No estio me derreter pra na chuva dançar e andar junto.

Quando os muitos temores nascem do cansaço e da solidão, é a hora de parar e rever. Quando há medo das horas seguintes, é hora de parar e rever. Porque não?

Porque não há tempo livre para parar e rever. Então, esse texto foi em vão.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Sobre os ciclos que se encerram


Resolvi escrever sobre ele para que vocês entendam o que motivou textos anteriores. Talvez seja tarde e eu não sinta mais nada além de um grande carinho. Talvez tenha um resto de paixão ou encantamento que fique explícito no texto. Ao final, vocês me falam. Mas eu achei de bom tom escrever antes que passe tudo e não tenha mais inspiração. Porque é inútil falar por falar, escrever por escrever. É preciso que haja motivos. É preciso inspiração. Numa feliz manifestação do destino ouço Bossa. Uma calma de verão na voz de Nara, sem a fossa que embalavam outras palavras. Bossa, bossa e bossa. Mas não fujamos do assunto central.

Sobre todas as coisas que vinham dele

Eu já o tinha visto na noite em Salvador. Inevitavelmente você vai cruzar com as mesmas caras na noite gay dessa cidade. E isso me dá uma sensação de familiaridade que eu gosto de sentir. Sou bom fisionomista, talvez seja do signo – a curiosidade ou necessidade de estar atento a tudo à minha volta. Já quis fazer psicologia, gosto de observar. Mas talvez isso não justifique. Já o tinha visto e conhecia o seu rosto, mas nunca houve interesse. Era apenas mais um rosto conhecido dentre todos os outros, nada especial. Até certo dia. Até certa festa que eu poderia não ter ido e ele também não. Depois do desgaste de um envolvimento com um infeliz com a Lua em escorpião, eu fui. Pensei em desistir, mas Rafael teria pedido a minha cabeça numa bandeja de ouro. Não sei por que, mas eu sempre penso em desistir quando eu tenho que me mover. O nome dessa coisa eu não sei, talvez insegurança. Mas eu fui e tinha entrada VIP graças a um desses sorteios que eu nunca acreditei até que a minha sorte resolveu se manifestar entre o final de maio e início de junho. Era final de maio e maio nunca me chamou atenção. Eu fui. Você também. Entre entradas e saídas com Dorinha se dando bem, o abraço de Aninha, Natu em uma de suas últimas festas aqui, o turista do MAM chegando com Dorinha e eu lembrando de Ju, ele me chamou. Tinha uma timidez engraçada. Eu não sei como consegui ouvi-lo entre a música alta e a multidão insana ao som dela. Mas o ouvi, teve beijo e quase sem fim. Depois falamos de arte, de vida, de gostos – e vários em comum. Depois teve frase no mural, quase despedida, volta pra casa de mãos dadas e perfume nas mãos e na roupa. Houve brilho e beleza. E sorrisos incontroláveis antes de dormir. Sobre as coisas possíveis de descrever. Outras só foram possíveis sentir. E eu senti, era o que a mim cabia.

Depois as coisas seguiram acontecendo com o brilho inicial de um encontro inesperado, quando o acaso nos presenteia com pessoas que são para a vida. Teve tanto antes do silêncio de quando tudo começou a passar. Porque esse é o curso natural das coisas. Tendem a passar, a ficarem em silêncio, mesmo que quando é apenas para uma das partes. Mas é sempre assim, primeiro passa para um, depois para o outro. E quando se tem sorte, tudo vira lembrança feliz. Com saudades um pouco chatas, bem verdade. Mas que silenciam diante da beleza do acontecido. É assim que funciona.


Sobre ele

Falava baixo, mas se empolgava de uma maneira bonita certas vezes. Tinha uma franja que sempre ajeitava. Sabia de arte com uma sensibilidade única. Era de gêmeos. Gostava de rock. Pintava quadros na infância. Tinha um caderno com as frases preferidas e uma dedicatória de uma ex-namorada que me pareceu igualmente linda. Adorava a Concha, visitava exposições. Sugeriu um nome certeiro para “A delicadeza do amor”. Amava Closer e Cisne Negro e eu amava Julia Roberts e Natalie Portman. Queria fazer uma tatuagem depois desistiu. Era inteligente como poucos. Inteligência e bom papo parecem estar em falta no mercado dos seres humanos. Ah, tinha a futilidade necessária para não se tornar um chato intelectual. Sabia curtir a vida. Quando sorria os olhos ficavam ainda menores. Às vezes só esticava os lábios. Era sereno, mesmo quando não era pra ser. Era dessas poucas pessoas que quando a gente encontra agradece a Deus.

E sendo assim, a gente muda o roteiro só para não colocar um ponto final. Encerra um ciclo, para que outro venha. Tudo é questão de tempo.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Sobre as coisas que eu quis te falar




Quis te falar que eu tive uma nova ideia de tatuagem. Na verdade roubei de Paula, ela fez uma assim e eu amei. Quis te falar que meus dias estão tão corridos com Marcela e Lula de férias, que eu almocei correndo, que eu estou estudando no ônibus e isso às vezes me deixa um pouco enjoado, que eu estou sem tempo para nada, mas que sempre tem uns momentos no dia em que eu me desligo do mundo porque penso em você. E não é leve como antes, mas eu penso em você e no seu jeito só seu que parece não ter a mínima pretensão de se fazer notado e que talvez por isso seja ainda mais lindo. Quis te dizer que hoje jantei num restaurante chinês do shopping com os meninos e que a mensagem no biscoito da sorte também me fez lembrar você. E que eu tentei comprar o ingresso daquela festa, que eu hoje tomei chuva, que eu achei um cartãozinho que era pra ter te dado no dia do cinema mas esqueci. E joguei fora. E que eu tentei adivinhar os desenhos nas nuvens como naquela vez. Só que não teve graça. E que na sua ausência tem Letícia que gosta de falar sobre assuntos ligados às questões existenciais, à arte... Mas é sem mãos dadas e abraços. Quis falar também que Mel tá tentando te odiar, mas mesmo sem te conhecer, eu acho que ela não consegue. E que Letícia preparou um recado sarcástico para te mandar caso você continue a aparecer de alguma forma. E você continua. A gente combinou de se afastar, não esqueça. E é melhor que seja ausência total mesmo. Mas eu quis te falar. E não me veja como egoísta, eu quis te ouvir também. E ouviria tanto, e ficaria calado só ouvindo e te deixando falar sobre o que você quisesse. Se em algum momento eu me desligasse a culpa seria desse seu charme, da forma como você gesticula, de como sorri quando fala... Ia querer saber da faculdade, se você está pintando, o que você tem ouvido, se tem ido ao cinema, o que achou do novo filme de Woody Allen e concordaríamos que Penélope Cruz é linda e deslumbrante, como da primeira vez. Não ia perguntar do seu coração e nem te deixaria falar. Não ia querer saber se você tem alguém, mesmo que seja sem importância. Nessa novela eu não quero ser seu amigo, como Cazuza disse. Eu queria dizer que eu não queria essa distância, nem distância nenhuma. Eu queria você aqui, agora, por vontade própria, feito sentimento recíproco. Foi o que nos faltou.

Talvez não seja a hora. Quem sabe no futuro? Você diria. Aliás, você já disse. Só que existem os desencontros. Não é agora, nem no futuro. Mas eu quis te falar.  

domingo, 1 de julho de 2012

Sobre as coisas merecidas





Agora é sem revolta. Apenas o gosto de injustiça que ainda pinta vez ou outra. Porque eu estava em paz quando você chegou, como cantou Nando que me faz lembrar você. Eu ainda podia estar. Porque eu podia simplesmente ter desistido daquela festa e tudo conspirava para isso. Eu podia não ter ido. Eu podia não ter entrado. Eu podia não ter dançado ao seu lado naquele momento. Milhares de possibilidades contrárias, mas eu fui. Eu entrei. Eu dancei ao seu lado naquele momento.

Ainda assim podia ter sido apenas um beijo. Mas foi bom. E teve conversa sobre filme, música, sua paixão por Cisne Negro e a minha por Almodóvar. E teve mais beijo. E foi ainda melhor. Depois teve sua frase no mural e a minha falta de criatividade. Teve a volta pra casa, a marca em meu pescoço, meu perfume em suas mãos. E podia ter parado ai. Mas teve almoço em um lugar aconchegante com a vista mais linda da cidade, outra festa, uma sobremesa, tantos papos. Caderno de frases, poesias preferidas. E poderia não ter tido e assim seria melhor. 

Mas teve. E tudo desaguou onde não devia. Sem paz, sem sorrisos de canto de boca, sem mãos passeando por seu rosto e alisando seu cabelo. E aqui estou eu de novo pedindo a Deus - ou a energia superior que você acredita e que eu já falei dela por aqui - para que passe. Para que eu esqueça, como já está fadado a ser.  Até que um dia alguém que chegue e bagunce tudo por dentro escolha ficar para ajudar a arrumar. E se não arrumar, que fique e me faça sorrir. A gente cansa de arrumar a bagunça interna sozinho. A alma espera que seja a dois. Ou que bagunce mais, mas que sempre tenha alguém ali. A alma pede reciprocidade. E só assim sorri em paz.



Outros braços para repousar meu abraço. Porque isso também é merecimento.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Você não poderia surgir agora


Sobre todas as coisas que foram e as que poderiam ter sido.




Fiquei pensando em besteiras. Coisas das mais banais mesmo. O quanto estamos acostumados a ver os caminhões com aquelas espécies de caixas gigantes (que eu não sei o nome) e como eles são estranhos quando não as têm. Não estão completos. Mudei o foco após rir, é claro. Pensei sobre quão inútil é uma pessoa que joga lixo na rua, que pixa um muro por puro vandalismo, que maltrata animais, crianças e idosos, que não contribuem em nada com as suas inúteis existências e nem por isso deixam de existir. Olhei as unhas, pensei em Mel lixando as dela e ri. Pensei sobre o frio que faz nessa manhã, se devo aceitar o trabalho para o final de semana e que preciso dar uma resposta logo a Victor, se devo ir aquela festa que você vai estar, sobre o que escrever como homenagem ao aniversário de Gil. Essa minha mania de homenagear meus ídolos. É engraçada e me faz bem. Pensei que devo lavar meu tênis, arrumar o guarda-roupa, que poderia ter escolhido outra camisa e com que roupa você deve estar. Mudei o foco abortando esse último pensamento que de ousado esteve entre os outros. Como osmose? Pensamentos confusos numa manhã de frio e silêncio. Sem fossa, apenas silêncio. Sem Bethânia suave cantando “Quero ficar com você”, sem Dolores com “A noite do meu bem”, sem Amy com “What it is”. Sem, sem, sem. E um emaranhado deles. Dai lembrei que devo devolver estrela por estrela derramada por você sobre a minha solidão. E Roberta cantou. Porque céu enfeitado dá mais esperança. Pensei nas cores pro quarto e nas fotos que iriam ganhar destaque e não vão mais. Mas ficarão guardadas como registro de “eu tive dias felizes ao seu ado”. E ouvi Lulu dizer a alguém próximo que tudo muda o tempo todo no mundo. Não adianta fugir nem mentir pra si mesmo agora. Há tanta vida lá fora.

Pensei em ir ver, mas fiquei. Hoje, só por hoje, eu quero que ela bata à porta. 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

26 dias com ele



Lembrei daquela primeira conversa em que nos descobrimos em gostos em comum, e um deles era o encanto pelas cartas. Resolvi te escrever. Certo domingo enquanto nos falávamos num desses meios atuais - que se inspiraram nas cartas, eu acho - te mandei o trecho de uma música que, talvez conspiração do destino, começou a tocar. Graças a Deus (ou a energia superior que você acredita), temos as músicas pra falarem por nós. "Fala pra ele que ele é um sonho bom, que mudou o tom da sua vida". Falei. Você disse que não queria acordar. Acho que acordou, em uma realidade que contradiz o meu desejo. E te põe em silêncio e te faz ausência. Tenho tentado entender e ter a paciência que você me pediu - e que eu acho que vale a pena ter. Quero ser o menos invasivo possível, perdão se não conseguir. Às vezes acho que não consigo mesmo, mas é uma forma de dizer "Oi, ainda estou aqui, paciente, aguardando". Porque eu ainda acredito que vale a pena. E eu sei respeitar seu silêncio, mesmo com gosto amargo da ansiedade que pa(i)ra em minha garganta. Mesmo que isso não dê em nada. É que eu lembro de cada detalhe. Do seu sorriso, seu jeito só seu de ajeitar o cabelo, o mundo parado ao redor quando estou com você, a frase escrita no mural da festa no primeiro encontro, a timidez, as ligações, a festa seguinte, a exposição inesperada, o romance francês, o pôr-do-Sol com conversas reflexivas, a ansiedade pelas respostas, a conversa desastrada que nos trouxe aqui, o meu medo. Mas a minha postura de não te cobrar nada permanece. Apenas sinceridade, que é direito de todo mundo. Eu quero ficar com você, como cantou Bethânia. Mas tem meu signo me fazendo ser racional. Eu preciso saber até onde posso ir. Não que isso me impeça de ir, mas me deixa mais seguro. É sua a responsabilidade das minhas últimas alegrias. E eu não queria que fosse diferente, porque estar com você é como deixar os problemas e pesos em um mundo à parte. É mente em paz, ombros leves, sorrisos espontâneos. E isso me faz te querer por perto sempre, independente de como seja. Te desejo paz para decifrar os seus sentimentos (como você falou que precisava) e fazer as suas escolhas. Seria mentira dizer que não torço para que elas sejam as que eu desejo, mas eu quero te ver bem e tranquilo independente de qualquer coisa. Mente sã é uma dádiva e deve ser prioridade. Meu pai certa vez me falou algo que eu levo para a vida: "nada e ninguém vale a nossa paz". Só posso te desejar o bem, porque é só o que você me traz. Gostar de você é inevitável. E eu continuarei aguardando paciente. Um pouco ansioso, confesso, mas é da minha personalidade e já aprendi a conviver com isso. Espero sinceramente que você se encontre. E que você me avise, como eu te pedi e nós rimos.

Te desejo paz. 
A mesma que quero pra mim.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Terça, 19


O corpo humano é sobretudo o espelho da alma e daí vem sua maior beleza.”

Rodin






Encontrei a paz no silêncio da arte, essa que desperta as mais diversas emoções e reações. Primeiro chorei feito criança longe da mãe e ouvia música nesse momento. Dessas que parecem que foram feitas para a gente. Caminhava e chorava e ouvia música, num ritmo incessante. Busquei a paz numa igreja, não na voz de um padre que cobrava o dízimo. Pensei em sair, quando um cântico, talvez gregoriano, não entendo muito disso, se entoou na voz dos fiéis – quase cena de Almodóvar. Poucas coisas são tão bonitas quanto a fé transformada em arte ao invés de fanatismo. O padre me banhou de água benta e sai. Encontrei a paz no silêncio da arte. Entrei em um museu e vi o cotidiano retratado com beleza e simplicidade. A vida por si é arte. Mas o que eu queria ali era o silêncio de um mundo escondido dentro do mundo. Universo paralelo, esses lugares que silenciam dentro do caos da cidade. Santuários de silêncio e paz. E arte. Encontrei a paz no silêncio. Era o que a alma pedia.

domingo, 22 de abril de 2012

Das coisas do desejo

Desejava alguém, esse era o ponto central daquela angústia. Alguém com quem dividisse as noites que flertavam com o frio de outono. E, se de fato não havia frio nos dias e noites da estação, alguém que aquecesse, então, o frio interno. Que fizesse barulho no silêncio interno. Que quebrasse a rotina. Que colorisse as páginas. Que energizasse o ambiente, antes purificado por uma mistura sem fim de incensos e solidões. Desejava alguém, esse era o ponto central daquela angústia.

Não queria que o silêncio emudecesse os sonhos, mas isso era quase inevitável. Também desejava sorrir toda alegria que há, escondida em algum canto da imensidão do universo. Queria saber dos signos e se afastar de quem tinha a Lua em escorpião – esses são especialmente encantadores e perigosos. Mas esses são surpreendentemente mágicos. 


Queria o mundo com tudo o que tem nele. Sorrisos, dores, vazios, paz, conquistas, lágrimas... Se firmar na intensidade de viver. Desejava alguém, esse era o ponto central daquela angústia. Alguém que tardava, mas alguém que existia. Tratava-se de esperança e fé. E fé, meu caro, é incontestável.  


terça-feira, 17 de abril de 2012

Das coisas com nome


O colo
O sexo
O sabor
O belo
O ardor
O elo
O arrepio
O suspiro
O sorriso no umbigo
O comprimido ingerido
O sono
O silêncio
O nunca mais.

domingo, 15 de abril de 2012

Das coisas sem nome


E se eu tivesse ido sem pensar no depois, no antes, no nada. Ceder ao impulso do convite irrecusável, viver qualquer coisa que se destinasse. 
Se não tivesse peso? 
Se só houvesse beleza? 
Se não tivesse a saudade? 

E se, se, se...

Se fosse tudo claro e não dependesse da lógica?
Se não tivesse espera, silêncios longos, ausências constantes?
Se fosse tudo presença e doce e encanto?
Se fosse dança-a-dois, abraços aquecidos, corações palpitantes?
Se fosse tudo mágico agora, você aqui como deve ser? 
Seja você quem for, 
Se fosse sem padecer? 




segunda-feira, 26 de março de 2012

Poesia sem nome


Da nossa cama
Dos nossos olhos que se olham desejos
Dos nossos beijos.
São essas coisas que eu falo,
Defendo,
Grito ao mundo no silêncio mudo de uma poesia sem nome -
Tudo o que eu sei tem algo seu.
Nem sempre nosso
Nem sempre desejo
Mas sempre silêncio.

terça-feira, 20 de março de 2012

Sobre todas as coisas que não foram

"Eu sei bem que terá
Nosso final feliz
Se você ficar comigo."

E todas as coisas que eu precisava saber sobre você? As que eu já sei, as que eu não sei, as que eu nunca saberei, nunca vou sentir. Nem o sabor do beijo que seria o melhor, nem o mel, nem o fel, nem o pior. Tudo parado ao meio, feito páginas em branco de um livro inacabado. Eu que sucumba os meus desejos ou engula-os com uma dose de vinho e um cigarro para digerir melhor. Ou a seco, para doer mais e eu ter mais ódio e talvez-quem-sabe te esquecer-mais-rápido-ou-te-querer-mais-mal. Como se fosse eterna essa raiva, esse desgosto, essa vontade de te ver morto. Como se fosse passageiro esse sorriso provocado por seu jeito nada convencional, esse brilho dos meus olhos ao encontrar os seus ou a serenidade da minha voz ao falar de ti. Quase música. Quase poesia. Quase Lua. Quase Noite.

A elas, todas as coisas que não foram, entrego o tempo.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Só em teus braços



Tinha um tédio disfarçado por um domingo sem cor. E a saudade irremediável de quem já morreu em vida. Um silêncio abismal preenchia o vazio, também sem cor. Era verão e eu não tenho a obrigação de ser feliz. Comecei então o auto-flagelo. Supus seus caminhos e escolhas. Te vi sorrindo. Sai pelas ruas coloridas de verão com sorrisos de almas leves. Eu bêbada, suja, batom borrado. Na cabeça Nana cantava. Eu tenho esse amor para dar, o que é que eu vou fazer? Eu tentei esquecer.
Em vão.
E sai, corri por multidões, numa solidão anunciada e estampada na cara.
Foi então que o destino, escroto que só ele, te colocou em minha frente. Olhos calmos diante da turbulência dos meus. Te odiei mais. Te amei mais. Então fugi, porque fraqueza sempre foi o meu forte.
E prometi apagar da minha vida este sonho.
E vem o coração e diz que só em teus braços, amor, eu ia ser feliz.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Breve história para uma escritora




Ela: Eu te amo, mas me devolva aquela foto 3x4.
Ele: E a minha sorte? É o meu amuleto.

Ela sabia das coisas. Com um olhar surpreendentemente mágico, capturava a beleza do cotidiano. Também escrevia. Havia dado um tempo, é verdade, mas a poesia adormece, nunca morre. Sabia dos signos, das coisas bonitas da vida, do rock, da bossa, da beleza da fossa e das coisas sem rimas. Eram manhãs coloridas as que ela se fazia presente. Falavam de tudo, desde coisas sem importância, e por isso não serão lembradas, até música, religião, política, paixões... E compartilhavam do mesmo pensamento em tudo.
Ou quase tudo, pouco importa.
Porque havia sintonia.

Numa manhã de inverno-quase-primavera falavam de signos. Era véspera do aniversário dele, quando ela fez de uma foto 3x4 uma linda lembrança."Para um escritor", no verso.
Depois se perderam, envolvidos por aquilo que alguns chamam de "virar gente grande". Depois se encontraram, porque a vida é a arte do encontro, e quando é para ser eterno, desencontro nenhum é duradouro.

Uma foto 3x4 com palavras no verso numa manhã de 2009. Essa lembrança atravessaria os séculos. E daí nascem as amizades.